segunda-feira, 2 de março de 2009

Esquizofrenia

Hoje acordei anormalmente adulto. Adulto e violento. Estuprei meus sonhos antigos e os atirei, inférteis, à sarjeta. Não posso evitar. Nesta noite acontecerá uma chacina. Matarei diversos eus. Não há mais espaço, em mim, para sonhos infinitos que nunca são. Sei que vou chorar cada morte de mim, mas será apenas até morrer também este eu fresco que chora cinematograficamente por qualquer tragédia mal enunciada. Uns poucos sobreviverão para ocupar um mundo interno agora sem este ruído sem fim que em nada se concentra. Tiveram chances demais, todos eles, não é mesmo? Que exagero desmedido... Sei que eles não vão sumir. Todo ano, em alguma noite escura de lua cheia, num ritual satânico permitirei que um ou outro retorne do completo esquecimento para povoar novamente meus domínios. E será apenas a brincadeira cruel de trazê-lo ao mundo para matá-lo de novo. Quero me sentar em uma mesa com o próprio Correali do lado oposto. Vou rir dele, e ele vai rir de mim. Mas só pago a minha conta. Quero mais uma dose, depois quero não querer mais nada.

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