domingo, 26 de abril de 2009

Para uma Ilha Deserta

Andei lendo esses dias “os meios de comunicação como extensões do homem” um livro de Marshall McLuhan, que explica como as novas tecnologias da comunicação estão diretamente ligadas a “sobrevivência” do homem moderno.
Em um capitulo do livro o autor passa uma idéia de “amputação e amplificação” dos meios em relação ao homem, como exemplo de amputação, podemos imaginar as rodas de um automóvel no lugar de nossos pés (Apud, Marques), onde por uma questão de tempo/espaço, acabamos por utilizar apenas o automóvel.
Como exemplo de amplificação, podemos imaginar um telefone celular como extensão de nosso sistema nervoso central. Onde a telemobilidade ampliaria a capacidade de nossos ouvidos (Apud. Marques), a agenda telefônica nossa memória, a câmera fotográfica nossos olhos, o SMS nossa boca e a internet, bom a internet seria então uma ampliação de praticamente todo o corpo.
Ao mesmo tempo, nos coloca numa posição de servidão total para com o aparelho, ou utilizando uma expressão de McLuhan, ficamos “entorpecidos” pelas novas tecnologias, uma vez que delas nos tornamos independentes. (1)
Por isso se me perguntarem o que eu levaria para uma ilha deserta, não hesitaria em responder: meu celular!
Mas nesse caso será que a ilha deveria ser chamada de deserta?

1. O celular tornou o espaço infinitamente pequeno. Ao abolir a necessidade de um ponto fixo a partir do qual devem ser centralizadas a emissão e recepção de mensagens, a telefonia móvel criou uma nova relação entre o homem e o espaço. No mesmo sentido, diminuiu a perspectiva de tempo necessário para se efetuar uma comunicação na medida em que não é mais necessário o deslocamento para se chegar ao local de transmissão, mas o telefonema pode ser feito durante o próprio trajeto. No entanto, essa mesma tecnologia que emancipa o homem de um ponto fixo de comunicação permite ao individuo ser encontrado, via celular, onde se queira. A mobilidade converte-se em ilusão quando a privacidade desaparece. O celular aboliu o direito de não estar. Não é mais possível “não estar” no lugar para atender: o lugar da comunicação é o próprio comunicador.
(SÁ MARTINO, L M. “Estética da Comunicação – Da consciência comunicativa ao “eu” digital”. Vozes, Petrópolis, 2007, p. 156 e 157)

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