Andei lendo esses dias “os meios de comunicação como extensões do homem” um livro de Marshall McLuhan, que explica como as novas tecnologias da comunicação estão diretamente ligadas a “sobrevivência” do homem moderno.
Em um capitulo do livro o autor passa uma idéia de “amputação e amplificação” dos meios em relação ao homem, como exemplo de amputação, podemos imaginar as rodas de um automóvel no lugar de nossos pés (Apud, Marques), onde por uma questão de tempo/espaço, acabamos por utilizar apenas o automóvel.
Como exemplo de amplificação, podemos imaginar um telefone celular como extensão de nosso sistema nervoso central. Onde a telemobilidade ampliaria a capacidade de nossos ouvidos (Apud. Marques), a agenda telefônica nossa memória, a câmera fotográfica nossos olhos, o SMS nossa boca e a internet, bom a internet seria então uma ampliação de praticamente todo o corpo.
Ao mesmo tempo, nos coloca numa posição de servidão total para com o aparelho, ou utilizando uma expressão de McLuhan, ficamos “entorpecidos” pelas novas tecnologias, uma vez que delas nos tornamos independentes. (1)
Por isso se me perguntarem o que eu levaria para uma ilha deserta, não hesitaria em responder: meu celular!
Mas nesse caso será que a ilha deveria ser chamada de deserta?
1. O celular tornou o espaço infinitamente pequeno. Ao abolir a necessidade de um ponto fixo a partir do qual devem ser centralizadas a emissão e recepção de mensagens, a telefonia móvel criou uma nova relação entre o homem e o espaço. No mesmo sentido, diminuiu a perspectiva de tempo necessário para se efetuar uma comunicação na medida em que não é mais necessário o deslocamento para se chegar ao local de transmissão, mas o telefonema pode ser feito durante o próprio trajeto. No entanto, essa mesma tecnologia que emancipa o homem de um ponto fixo de comunicação permite ao individuo ser encontrado, via celular, onde se queira. A mobilidade converte-se em ilusão quando a privacidade desaparece. O celular aboliu o direito de não estar. Não é mais possível “não estar” no lugar para atender: o lugar da comunicação é o próprio comunicador.
(SÁ MARTINO, L M. “Estética da Comunicação – Da consciência comunicativa ao “eu” digital”. Vozes, Petrópolis, 2007, p. 156 e 157)
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